domingo, 31 de outubro de 2010

Carta marítima

Vinte milhas náuticas, 31 de outubro de 2010

Caro Leitor,

Me joguei no convés de um navio rumo ao desconhecido. Dentre tantas viagens ilusórias lá me encontrava, debruçada nas grades do parapeito, fumo no canto direito dos lábios, livro nas mãos e um autor contando histórias vagabundas mas cheias de alma.

Sim, por mais covarde que pareça, isso era uma fuga. Podem utilizar de todos os subterfúgios morais e sociais para me atacar, já está feito.

Não sei o que é pior: nunca ter partilhado de uma história com alguém, permanecendo seca como uma árvore infrutífera ou viver no limite da paixão repentina e ter o peito tão devastado que, nem o vômito gutural das palavras pudesse aliviar ou pelo menos conter a dor psicológica que vivencio desde então.

E ao anoitecer todos os navegantes se reuniam no salão de festas, vestidos de rostos juvenis e feições velhas, para celebrar a mórbida mediocridade de suas vidas.

Entre tantos cálices de vinho, cartas de truco e badernas se formando, no centro do palco dançava uma bailarina da companhia de dança contratada. Negra e de cachos até a cintura, o suar percorria seu corpo enquanto o ritmo hipnotizava.

Mais tarde, com um desejo fugaz, persegui-a, mordi seus lábios, beijei-a na língua e apertei-a contra meu corpo. No balanço enjoativo do navio tomei-a para mim e, posteriormente, com violenta e insensata raiva de minhas atitudes resolvi levar tudo até o fim, derrubei os livros sobre a mesa, aqueles novos e com cheiro de pinheiro recém cortado, para facilitar a perversão animal.

Funcionários, por via de regra, não se misturam ou se metem com passageiros. Por que então, Maria, meteste comigo? "Porque teus olhos cor de terra barrenta não eram desejo e sim um longo precipício de raiva, tristeza e solidão". Indaguei-a se havia sido por bondade mas, sobretudo, por pena. Ela balançou a cabeça afirmativamente.

Agora me atinha às estrelas, eram tão diferentes vistas no meio dessa imensidão azul, em São Paulo simplesmente não as via. E faziam meses que não via os olhos da paixão.

O rumo linear de meus pensamentos foram cortados pelos esbravejos do imediato sinalizando a fúria de Poseidon, tornados e tempestades se formavam logo mais. Assim, todos os passageiros, incluindo a mim, deveriam se dirigir aos aposentos. Se pudesse parar a chuva nos primeiros erros...

Em meu leito chorei pela segunda vez desde que minha sanidade havia sido tomada e como cristã e também brasileira, adepta de todo tipo de sincretismo religioso, roguei Deus, natureza, Iemanjá, Sol, Lua, astros, Buda, Satanás, Shiva, Zaratustra, gregos e romanos, mesmo não acreditando nessa porra toda, para que Baco, onde quer que estivesse, pensasse em mim e me embriagasse para todo sempre.

Da insanidade até meus amigos terrestres,
Saudações daquela vadia suja que sofre as misérias do amor
XXX

PS: gramática, vírgulas e crases são um inferno.

Faroeste Caboclo

Estando eu sem inspiração para escrever, resolvi postar uma música que eu adoro. Pra mim ela é a epopéia de um cara que procurava seu lugar no mundo e é isso aí.. Recomendo!

"Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
E de escolha própria escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar:
Dizia ele - Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar
O João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal
- Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele iria se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado a plantação foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
- Tem bagulho bom ai!
E o João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!
Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
- Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter
O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe com
dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João
- Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um peixes de ascendente escorpião
Mas antes de sair, com ódio no olhar
O velho disse:
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
- Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Essas palavras vão entrar no coração
- Eu vou sofrer as conseqüências como um cão.
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Taguatinga
Mas acontece que um tal de Jeremias
Traficante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar.
Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Roconha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
- Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
- Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra que jurei o meu amor
E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora o local e a razão
No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta
João olhou pras bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da TV que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
- Se a via-crúcis virou circo, estou aqui.
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
- Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é
E não atiro pelas costas, não.
Olha prá cá filha da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão
E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditou na história
Que eles viram da TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz
Sofrer"

sábado, 30 de outubro de 2010

Michel Foucault

Michel Foucault
Vida:



       Nascido em 15 de outubro de 1926, na cidade de Poitiers na França, Michel pertencia à uma família tradicional de médicos. Sendo assim, não foi fácil para ele seguir outra carreira. Também não foi fácil ser homossexual numa família tradicionalmente católica e numa sociedade tão preconceituosa.
       Sempre se interessou pelos estudos e destacou-se desde o começo de sua carreira universitária. Era considerado por seus professores como “a promessa de sua geração”. Cursou filosofia e psicologia na Escola Normal Superior de Paris. Era um acadêmico de prestígio, um professor querido, mas considerado “elitista” ao discutir com o governo o futuro da educação secundária e universitária da França. Tal postura, no contexto da Guerra Fria, permitia que os esquerdistas o considerassem como alguém que “renegava” Marx.
       Escreveu várias obras ao longo de sua vida. Tentou suicido várias vezes e teve também contato com as drogas e as práticas sexuais sado-masoquistas (que influenciaram seu pensamento).
       Então, no mês de junho de 1984, o filósofo foi vítima de um agravamento da AIDS, que provocou em seu organismo uma septicemia, levando-o à morte no dia 25 do referido mês, as 57 anos.




Pensamento:


      Foucault é amplamente conhecido pelas suas críticas às instituições sociais, especialmente à psiquiatria, à medicina, às prisões, e por suas idéias e da evolução da história da sexualidade, as suas teorias gerais relativas à energia e à complexa relação entre poder e conhecimento, bem como para estudar a expressão do discurso em relação à história do pensamento ocidental, e tem sido amplamente discutido, a imagem da "morte do homem" anunciada em "As Palavras e Coisas", ou a idéia de subjetivação, reativada no interesse próprio de uma forma ainda problemática para a filosofia clássica do sujeito. Parece então que mais do que em análises da "identidade", por definição, estáticas e objetivadas, Foucault centra-se na "vida" e nos diferentes processos de subjetivação.
       A obra de Friedrich Nietzsche (especialmente os textos que ele escreveu quase à beira da loucura) foi para Foucault uma iluminação. Nietzsche também lhe permitiu sentir-se mais seguro para elaborar seu ponto de vista singular. Como costuma acontecer com muitos jovens que se sentem incômodos em função de sua posição de estranho às normas e aos estilos que definem o grupo a que “pertence”, também para Foucault a obra de Nietzsche revelou o poder e o gozo de ser diferente.
     O ponto de vista original que caracteriza a indagação foucaultiana, seu olhar pouco habitual no mundo do pensamento é, contudo, freqüente no universo da literatura. Se poderia dizer que Foucault é o mais literário dos filósofos e o mais filosófico dos escritores.
     Foucault começa então, um período de abertura a todos os temas, a todas as formas de abordagem: os anos de 1970 serão de intensa aprendizagem e de elaboração apaixonada. Desenvolveu uma reflexão sobre o gozo por meio da dor. Porém, o enfoque que Foucault dá a questão, não é óbvio. Para o próprio filósofo, foi um problema chegar a pensar o sexual. Aí, ele se questiona por que a sexualidade é objeto de uma preocupação moral. Assim, sua obra foi se aproximando a seu ideal de vida: chegar a ser o que verdadeiramente se é. Ao mesmo tempo em que o sério Foucault – o que havia negado a importância da vida para a obra – foi capaz de ir deixando de lado seus próprios temores e se atreveu a manifestar-se, começou a importar-lhe não só para quem fala, mas como se vive uma experiência. Isto iluminou sua obra. Sua filosofia transformou-se naquilo que Sartre desejou produzir, mas não chegou a articular: uma ética.
       A ética de Foucault nasceu quando, em sua reflexão, encontrou-se com seus mestres: os antigos gregos. Esta intensidade final, nascida do risco, outorga a sua obra uma consistência clássica. Talvez por isso suas idéias não pareceram correr o risco de desvanecer-se como um rosto de areia na beira do mar.


Obras mais importantes:
· Doença Mental e Psicologia, 1954;
· História da loucura na idade clássica, 1961;
· Nascimento da clínica, 1963;
· As palavras e as coisas, 1966;
.Arqueologia do saber, 1969;
· Vigiar e punir em 1975;
· História da Sexualidade (que ele não chegou a terminar devido sua morte, mas que fora publicada em três partes).


Outras obras:
· A vontade de saber; (1970-1971)
· Teorias e instituições penais; (1971-1972)
· A sociedade punitiva; (1972-1973)
· O poder psiquiátrico; (1973-1974)
· Os anormais; (1974-1975)
· Em defesa da sociedade; (1975-1976)
· Segurança, território e população; (1977-1978)
· Nascimento da biopolítica; (1978-1979)
· Microfísica do Poder; (1979)
· Do governo dos vivos; (1979-1980)
· Subjetividade e verdade; (1980-1981)
· A hermenêutica do sujeito; (1981-1982)
· Le gouvernement de soi et des autres; (1983)
· Le gouvernement de soi et des autres: le courage de la vérité; (1984)
· A Verdade e as Formas Jurídicas; (1996)
· A ordem do discurso; (1970)
· O que é um autor?; (1983)
· Coleção Ditos e escritos; (5 livros), (2006)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Teste: hipóteses de um relacionamento amoroso

Nosso empresário (sim, nós temos um) comentou sobre um teste que foi noticiado na Globo e que pretendia colocar em jogo o grau de amizade, felicidade, cumplicidade e outros "ades" dos casais. Eu e minha parceira de blog colocaremos o teste aqui e logo abaixo de cada pergunta faremos nossos comentários super relevantes.

01. Numa forma de bolo, sobraram dois pedaços(um grande e um pequeno), você comeria:
a. o grande e deixaria o outro para ele.
b. o pequeno e deixaria o maior para o amado.

T: Se fosse de chocolate, comia o grande! Mas se fosse a Mari, acho que comeria tudo escondido. =P
M: Poxa, joga na cara que eu sou uma baleia, fica aí me difamando. Mas, se o bolo fosse bom, comeria o grande também.
T: Você é estilo saco sem fundo, tem fome como a Magali!
M: Compara o meu tamanho com o seu, preciso de sustância pra sobreviver.
T: =D hahaha

02. Se você se deparasse com o tênis de seu parceiro jogado no chão da sala, você:
a. gritaria até que ele viesse pegar o calçado.
b. guardava você mesmo, evitando brigas.

M: Não tenho moral pra reclamar de ninguém no quesito organização, sou um desastre. Minha ação seria chutar o sapato para fora do caminho :p
T: Também deixaria o sapato lá, tiraria somente se estivesse exalando odores desagradáveis (aí faria ele mesmo tirar). Um sapato jogado ou uma toalha molhada na cama ,por exemplo, não é motivo para brigas.

03. Se você desse um conselho, o dito cujo não seguisse e depois acabasse se ferrando, você:
a. consolaria seu amado.
b. diria que seu conselho deveria ter sido seguido.

M: Cinicamente consolaria mas, interiormente, pensaria "bem feito, ninguém mandou não me ouvir" (com aquela risada sórdida de fundo).
T: Bom, faria como a alternativa "b" dizendo " vai, trouxa, eu avisei!" e claro, ia rir na cara do idiota hehehe Ninguém mandou não me ouvir.

04. Se o seu "amor" levasse aquele tombo memorável, você:
a. o ajudaria prontamente a se levantar
b. caia na gargalhada

T: "B", com certeza e ainda diria " seu grande idiota!" hahhahha
M: "A".Como sempre tive a perna torta e levei vários tombos na infância, senti na pele como é se esfolar no asfalto #looser. E tem vezes que ainda insisto em relembrar essa infância. Mas estou de prova que a Tay riria muito =P

05. Ele chega com um hematoma muito estranho no pescoço e diz "eu cai na rua", você:
a. resolve investigar para ter certeza do que aconteceu
b. arma o maior barraco e pede o divórcio

M: Porra, hematoma no pescoço e diz que caiu na rua? Sério, que idiota acreditaria nisso hahaha só se fosse um replay de "Menina de Ouro" e o infeliz caísse com o pescoço em alguma quina e, mesmo assim, o infeliz ficaria em coma. Agora, aposto que a Tay não ligaria já que tem vária marcas no pescoço.
T: Hahaha, não sou infiel! =P Se bem que eu passaria um gelol no "feriemento". Depois, no outro dia, comentaria com um hematoma parecido no pescoço "nossa, amor, cai no mesmo lugar que você, passa gelol?".

Resultado: supostamente, quanto mais "a" melhor seu relacionamento estará (até parece que alguém acreditou nessa joça)

T=Tayla
M=Marianna


PS: ninguém aqui é muito bom de gramática, se virem e entendam com os erros mesmo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ausência

Teus lábios já silenciaram-se


Teu calor se ausentou de ti

E eu permaneci aqui!

Com a dor dos que ainda não se calaram.

Guardarei teus resquícios, tua ausência,

Pois você habitará minhas memórias

Em silêncio, lágrimas e versos.

Teu veredicto fostes o túmulo,

Mas não tema teu destino

Oh! Meu doce cadáver!

Viestes homem, frágil criatura!

E teu silêncio agora permite-me dizer:

Vai! Que nosso encontro é certo!

Meu respirar é um prelúdio

Dessa verdade derradeira,

Misteriosa e certa

Objetiva e gélida, morte!

Ártico

Branca bruma espessa e fria
Que ocultava minha face,

Desvendou-me por inteiro

Desnudou meu coração.



Fui fantasma, sou tesouro,

Nova fronteira militar.

Avançam duzentas milhas

Pra me invadir, me explorar.



Meu degelo já previa

Disputas por ambição

Petróleo, gás e dinheiro.



Pesquisas, intervenção.

Esperança para o Ártico

O ouro branco da nação.

domingo, 24 de outubro de 2010

Relicário

Ali, com seu corpo desfalecido em meus braços, a dor era insuportável. Sua mórbida face não lembrava em nada a vivacidade do homem que tanto batalhara, que tanto cuidara de mim, não honrava a imagem de meu pai!
Resoluta, enterrei-o e dediquei-lhe algumas lágrimas. Era tudo o que podia fazer naquele momento, mas jurei vingar sua morte.
O tempo ia passando e eu procurava tirar proveito das mudanças que me ocorriam, sem perder tempo maldizendo a vida. Passei a morar na choupana de uma velha parteira, que me aceitara como aprendiz. Aprendi mais do que a fazer partos, aprendi também a caçar, a conhecer os vários tipos de plantas dali e a não me importar em ser chamada de bruxa.
A choupana ficava afastada da vila, na floresta, e eu me sentia um pouco desconfortável ao ir até lá fazer compras. Os olhares daquelas pessoas, impiedosos, pareciam flechas, mortíferas e certeiras.
Foi numa dessas vezes, quando precisei comprar uma fazenda de veludo, que avistei os olhos mais belos da região. Eram olhos profundos e sinceros, que não me desprezavam. Eram os olhos de um cavaleiro da guarda, que mesmo proíbidos, me seguiam.
Os dias se passavam normalmente, sem que eu pudesse me esquecer daqueles olhos. Até porque o tal cavaleiro, Álvaro, como vim saber depois, me velava todas as noites, cavalgando solitário pela floresta.
Estava cada vez mais apaixonada, entorpecida. Incapaz de me conter, esperei que viesse a noite e ela trouxesse meu cavaleiro. Ela o trouxe, e nos presenteou com um luar especialmente belo.
Ao ver-me ali prostrada, incapaz de qualquer reação, ele sorriu, desmontou e veio ao meu encontro. Beijei-o como se aquele fosse nosso último encontro, com paixão e com saudade. O resto daquela noite foi incrivelmente perfeito, tudo transcorreu de uma forma que eu nunca ousara idealizar.
A noite se foi e a aurora anunciava tristemente meu destino. Despedimo-nos com um beijo e eu voltei para casa. A velha chamava-me desesperada, e apertou minha mão quando aproximei-me dela. Ela balbuciava frases desconexas, mas pude compreender algo como "promessa cumprida", "possível herdeiro" e "destino". Fechou os olhos e deixou-se morrer. Enterrei-a ao lado da sepultura de meu pai.
Nisso, Álvaro adentrou a choupana e avisou-me, um tanto perturbado, que partiria. Fora convocado para outra batalha. Ainda entregou-me um relicário, uma jóia que pertencera a um antigo amigo da guarda, morto recentemente por um ladrão e devidamente vingado. Beijou-me como que despedindo-se e partiu dizendo um adeus solene.
Atordoada com tantos fatos, acabei reconhecendo aquele relicário como sendo de meu pai, o que me deixou perplexa!
Foi então que as palavras da velha pareceram-me muito claras. Minha promessa de vingança fora cumprida e meu destino agora era esperar pelo possível herdeiro de um amor que me ligava a dois grandes homens. Os quais eu carregaria para sempre no coração e naquele antigo relicário.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Difícil trajetória

Febo irradia, ilumina a terra, os pastos, as cidades e a lua
Ártemis caçadora, guerreira do luar, dama da noite
Sol e Lua, uma estrela e um satélite
Sós, únicos e cegos

Sovinas parcas, manejando os fios e os vindouros
Terminus insistindo em demarcar limites, fronteiras...

Jano abrirá as porteiras do céu quando o primeiro mês, nomeado em sua honra, concretizar o antigo ano
E nós, Sol e Lua, devemos permanecer vazios até lá
Como vagas que esperam o estacionar do sege

Jano abriu os portões, Cloto, Láquesis e Átropos subitamente começaram o tecer do destino, atrapalhando nossas convicções e confundindo nossos pensamentos
Eros já terminou seu trabalho, fomos presos

E aqueles que permaneceram separados desde sua criação, deverão agora manifestar a mais bela criação da natureza. Seu palco é o céu: o eclipse.
E assim permanerão juntos por pouco tempo, talvez minutos, talvez horas mas nunca dias e Terminus, o perverso, voltará a construir estradas, muralhas e veredas entre nós.

Não se preocupe, Febo, o tempo e a espera cruzarão nossos cursos
Mas só a coragem nos unirá novamente

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estresse além da compreensão

Atenção: post desabafo, pare aqui antes que sua integridade mental e psíquica seja afetada, se continuar o problema é inteiramente seu. Bem vindo ao mundo meu fatalista/pessimista/depressivo.

Administrar meu tempo sempre foi uma tarefa árdua, creio que essa nunca foi uma grande habilidade minha. Serei sincera ao dizer que procrastinar é uma das palavras que, entre tantas outras como tímida, séria, anti-social e pessimista caem em mim como uma luva.
Estar escrevendo ao som de uma cantora gospel (pra quem não sabe, there is a fuckin' church next to my house) também não está ajudando no que muitos chamam de processo criativo. O fato é que minha atenção que antes era concentrada em futilidades-amenidades-inutilidades como novas edições de mangás shoujo, livros marxistas, gastar minha grana com doces e pirataria, ficar horas filosofando sobre como o Johnny Depp é maravilhoso, estudar, debater política, ter overdoses auditivas ouvindo música a tarde inteira, curtir o ócio, comer e dormir já era, se esfarelou e foi pro ralo.
Passei de gorda para "anoréxicaem menos de três meses (é o que me dizem), os mangás já não são mais um vício, faz tempo que não compro novos DVD's, estou me fodendo legal no colégio, durmo menos de 5 horas por dia mas, se pudesse, dormiria o dia todo para escapar dos meus pensamentos que, infelizmente ou felizmente, só revertem para um mesmo assunto e, em especial, para uma pessoa.
Eu poderia comprar uma garrafa de Rum e me embebedar mas, até parece que eu, com esse jeito boa moça (não consigo mudar, infelizmente), beberia alguma coisa até cair na sarjeta. Penso que sou somente mais uma adolescente revoltada com as situações incômodas que a vida subitamente resolveu colocar como obstáculo.
Cortei o cabelo bem curto porque é isso que faço quando estou extremamente irritada e nervosa. Minha família gostou e eu achei uma merda, interessante contradição já que, só eu gosto de cabelo curto na família e é justamente eu que odiei e que agora quer pegar uma moto e ir de encontro a um muro de concreto a trezentos quilômetros por hora por ter conseguido piorar mais ainda minha "linda" aparência.
Como se não bastasse, ouvir músicas românticas/depressivas sobre paixões impossíveis e ler Caio Fernando de Abreu fazem com que eu me torne mais insana, se é que isso é possível. Já estou a um fio de atingir meus limites de estresse e não sei como será quando eu explodir mas, está na cara que vou me debulhar em prantos por mais ou menos cinco horas seguidas já que não é do meu feitio cometer a tão sonhada selvageria além da compreensão.
É foda e ninguém, absolutamente ninguém se importa.